Campo da Mediunidade
Prezados Irmãos da Jornada Espírita.
Eminentes Provedores do Bem.
Searistas do Sagrado Amor.
Jesus, disse: Orai e Vigiai.
Allan Kardec, adicionou: Orai, Vigiai e Estudai.
Ramatis, completou: Orai, Vigiai, Estudai e Praticai.
No campo da mediunidade.
(Capítulo extraído da obra "Coletânea do Além", ditada por André Luiz ao médium Francisco Cândido Xavier. Obra editada pela Livraria Man Kardec-LAKE - São Paulo).
O cérebro físico é aparelho de complicada estrutura. Constitui-se de células emissoras e receptoras, que servem nos mais diversos centros mentais reguladores da vida orgânica. Imantam-se, dentro dele, poderosas correntes magnéticas, a flutuarem sobre o líquido cérebro-espinhal, qual a engrenagem de um motor em óleo adequado, produzindo vibrações elétricas com a freqüência de dez a vinte hertz por segundo. Daí parte infinidade de ordens, endereçadas ao sistema nervoso, ao aparelhamento endocrínico e aos órgãos diversos.
O cérebro, porém, tal qual é conhecido na Terra, representa a parte visível do centro perispiritual da mente, ainda imponderável à ciência comum, no qual se processa a elaboração do pensamento, que escapa à conceituação humana.
Referimo-nos a semelhante quadro para comentar a necessidade da cooperação do servidor mediúnico no intercâmbio entre os dois planos - visível e invisível. A tese do animismo, não obstante respeitável, pelas excelentes intenções que a inspiraram, muita vez desencoraja os companheiros chamados a testemunhos de serviço no ministério da verdade e do bem. Os investigadores rigoristas não favorecem o esforço dos médiuns bem intencionados; na maioria das ocasiões destróem-lhes os germens de boa vontade e realização com as suas exigências particularistas no capítulo da minudência, da gramática, da adivinhação. A organização mediúnica, entretanto, como as demais edificações elevadas, não se improvisa no caminho da vida. E o médium não é uma inteligência ou uma consciência anulada nas exteriorizações fenomênicas da comunicação entre as duas esferas. Ainda no chamado sonambulismo puro, no transe completo e nas hipnoses mais profundas, a colaboração dele será manifesta e indispensável. A energia da usina longínqua precisa do filamento da lâmpada, em que se manifesta, produzindo luz e calor. O artista, para arrancar a melodia perfeita, necessita de cordas afinadas e firmes no violino que lhe empresta oconcurso na demonstração musical. A mensagem do cantor, ou do político, requer o aparelho de recepção para ser ouvida à distância. Exige a lâmpada característica especializada, na fabricação. O violino requisita grande experiência e cuidado de manufatura e o receptor radiofônico pede extensa cópia de material elétrico para atender à finalidade que lhe é própria. Se em semelhantes serviços de transmissão, à base de matéria comum, há imperativos técnicos e organização, como improvisar um mecanismo mediúnico, no qual a base de matéria viva associada a elementos espirituais, ainda imponderáveis à ciência humana, exige a construção da vontade com os valores da cooperação?
Edificar a mediunidade constitui uma obra digna do esforço aliado à perseverança no espaço e no tempo.
Um habitante de esfera diferente necessita valer-se dos recursos que lhe oferece o cooperador identificado com o círculo onde pretende fazer-se sentir. Trata-se de imposição vulgar nas próprias relações entre países terrestres, de cultura diversa. O brasileiro que precise conduzir certa mensagem à Inglaterra, desprovido de contato anterior com a vida britânica, de modo algum dispensará o intérprete e esse intermediário, para cumprir a tarefa, deve preparar-se devidamente. Adaptar-se uma entidade desencarnada ao cérebro, ao sistema nervoso e aos núcleos glandulares do companheiro encarnado, ajustando peças biológicas e eliminando resistências celulares, sem nos referirmos aos processos mentais inacessíveis à compreensão atual dos fenômenos, não é operação matemática que se efetue através dos cálculos de alguns instantes. É organização paciente, requisitando muito concurso e devotamento por parte dos amigos em serviço na crosta planetária.
E, assim afirmando, convidamos os colaboradores sinceros do Espiritismo evangélico a dedicarem maior atenção à chamada "mediunidade consciente", dentro da qual o intermediário é compelido a guardar suas verdadeiras noções de responsabilidade no dever a cumprir. Cultive cada trabalhador o seu campo de meditação, educando a mente indisciplinada e enriquecendo os seus próprios valores nos domínios do conhecimento, multiplicando as afinidades com a esfera superior, e observará a extensão dos tesouros de serviço que poderá movimentar a benefício de seus irmãos e de si mesmo. Sobretudo, ninguém se engane relativamente ao mecanicismo absoluto em matéria de mediunidade. Todo intérprete da espiritualidade, consciente ou não no decurso dos processos psíquicos, é obrigado a cooperar, fornecendo alguma coisa de si próprio, segundo as características que lhe são peculiares, porquanto, se existem faculdades semelhantes, não encontramos duas mediunidades absolutamente iguais.
Lembremo-nos de que não nos achamos empenhados em edificações exteriores, onde a forma deva sacrificar a essência e onde a "letra" asfixie o "espírito", e sim na construção de um mundo melhor, nos círculos de experiência para a vida eterna. Guarde cada colaborador do Espiritismo cristão a consciência, a responsabilidade e o espírito de serviço à maneira de riqueza celeste que é necessário valorizar e multiplicar. Não nos esqueçamos de que, segundo a profecia, através dos canais mediúnicos o Senhor está derramando a sua luz sobre toda a carne, mas que é preciso purificar o vaso carnal e enriquecer a mente, a fim de que o homem terrestre seja, de fato, o intérprete fiel da divina Luz.