Ramatis, completou: Orai, Vigiai, Estudai e Praticai.
O trabalho dos guias
Nas sessões, como já vimos, há sempre uma dupla assistência:
a dos encarnados — que é sempre a menor — e a dos desencarnados, formada dos encarregados do trabalho no plano invisível, a saber: vigilantes, auxiliares e dirigentes, e dos Espíritos necessitados de esclarecimentos e auxilio (sofredores, obsessores, etc.), além de determinado público, mais ou menos numeroso, que os vigilantes mantêm a certa distância para que não perturbem os trabalhos. Todos têm seus lugares próprios e se separam por faixas fluídicas de diferentes vibrações segundo as condições pessoais em que se apresentam, ou as funções que exercem.
Em sessões bem organizadas e conduzidas, graças a êsses cuidados preparatórios, imperam sempre ordem e disciplina nos dois planos, ao passo que naquelas em que se negligenciam tais arranjos, falha a assistência espiritual superior, estabelece-se sistematicamente confusão, o trabalho espiritualmente não progride, toma cunho pessoal e os resultados, quando não são prôpriamente maléficos, são medíocres.
A corrente magnética de base, feita pelos encarnados, começa a formar-se desde o momento em que se faz silêncio e se inicia a concentração, fase essa que, no outro plano, já foi antecedida, de alguns momentos pelas providências preparatórias dos trabalhadores invisíveis.
De cada indivíduo concentrado e desde que haja uniformidade mental, partem raios fluídicos luminosos, de cores que variam segundo as condições morais de cada um esses raios (radiações auricas) vão se ligando uns aos outros, a poucos centímetros dos corpos físicos, e terminam se fundindo numa corrente única que, a seu turno, se conjuga com a corrente formada pelos cooperadores invisíveis (de isolamento e proteção do ambiente geral), disso resultando um conjunto vibratório de grande fôrça potencial que se estende em torno, numa certa área e que constitue o que se pode chamar “o campo espiritual do trabalho”.
Dentro dessa área há equilíbrio vibratório, estabilidade, harmonia, e grupos de trabalhos idênticos, reunidos na mesma ocasião, algures, podem se permutar assistência e auxílio recíproco, utilizando essa caudal de energia salutar, em limites e condições mais ou menos amplas, segundo a intensidade e a elevação vibratória de cada grupo operante.
Estabelecida assim a corrente e verificadas antecipadamente por êles próprios as afinidades psíquicas, os agentes invisíveis conduzem os Espíritos que se devem manifestar para junto dos médiuns em condições de trabalho, que passam então a ser influenciados, nos limites de suas próprias capacidades e condições de resistência fluídica, o que é também previamente determinado.
Essa capacidade ou resistência depende da fôrça vital, equilíbrio psíquico, grau de desenvolvimento mediúnico, flexibilidade mediúnica e adiantamento moral de cada médium. Há médiuns que com um só trabalho ficam exaustos e outros que podem permanecer mediunizados durante tempo mais ou menos longo.
Somente depois de estabelecidas as afinidades fluídicas é que se podem dar as ligações mediúnicas.
Antes que os médiuns sejam influenciados os cooperadores invisíveis atuam sôbre êles preparando-os, medíünicamente, para o trabalho. Já vimos, no capítulo 11 da primeira parte, como se realiza essa preparação, segundo a descrição de André Luiz; os centros vitais são postos em equilíbrio; desembaraçados e regenerados os órgãos físicos; estimulados os centros de energia espiritual (glândulas. plexos), para que funcionem com mais intensidade, elevando a vibração fluídica de forma a se conseguir o necessário grau de sensibilização mediúnica, tudo feito com assistência do protetor individual do médium, que é sempre consultado e atendido nos conselhos e indicações que fornece em relação ao seu protegido.
Terminados os trabalhos a corrente se desfaz mas seus efeitos perduram no espírito de cada um dos assistentes, na medida do que absorveu dos fluidos e radiações ambientes e na medida do quanto pôde se integrar e assimilar da essência espiritual do trabalho realizado; e o cabedal que pôde cada um incorporar a si mesmo irá em seguida realizando em seu íntimo um trabalho silencioso e profundo, de reabilitação e purificação espiritual, que se acentuará com a repetição, pela assiduidade a trabalhos semelhantes, operando-se por fim uma verdadeira transformação, material e moral, no corpo e no espírito de cada assistente.
Por isso julgamos que são altamente benéficos e necessários os trabalhos práticos em comum, quando realizados em boas condições e nisto discordamos de alguns confrades abstênios, que se limitam a estudos teóricos de gabinete, privando-se de ação e contactos salutares, com o que retardam de muito não só a eclosão de faculdades mediúnicas que porventura possuam em germe, como a oportunidade de um caminhar mais rápido na estrada evolutiva; nos trabalhos práticos encararão os fatos, viverão as realidades objetivas da vida espiritual, em seu dinamismo, multiforme, ao invés de permanecerem comodisticamente no terreno platônico das especulações intelectivas.